
Nesta segunda-feira (2), gestores da secretaria se reuniram para avaliar a situação e traçar novas estratégias para proteger a população, que já está retornando às suas casas, depois do nível da água ter recuado. Desde o sábado (31), equipes da Força Estadual de Saúde do Maranhão (Fesma) já se encontram na cidade atendendo e orientando a população. O município registrou uma inundação na última sexta-feira (30).
“A maioria dessas ações é permanente em regiões com risco de enchentes e problemas de contaminação das águas, mas a inundação na sexta-feira nos levou a elevar a vigilância e reforçar os cuidados. O governador Flávio Dino está sensível à situação e determinou que façamos todos os esforços possíveis para garantir a saúde de todos”, disse o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula.
Monitoramento
Uma das principais medidas é de monitoramento das águas, que carregam uma série de bactérias e vírus após se misturarem com lixo, esgoto e fezes de animais e humanas. Para garantir a descontaminação, a SES entregou um estoque extra de hipoclorito de sódio, solução desinfetante utilizada para purificar a água para uso e consumo humano.
A Prefeitura de Marajá do Sena recebe trimestralmente 900 frascos da substância, através do Programa de Prevenção e Monitoramento de Doenças de Veiculação Hídrica. Com a inundação recente, o município recebeu mais 600, remanejados de outras cidades da Regional de Saúde de Bacabal, totalizando 1.500 frascos. Além desses, já foi autorizada a compra de uma reserva extra para as regionais de saúde de Bacabal e Pedreiras.
Segundo Edmilson Diniz, superintendente de Vigilância Sanitária da SES, a prioridade é fazer uma avaliação do quadro da população de Marajá do Sena, das condições dos alojamentos e da água usada para consumo humano. “Vamos enviar a equipe de vigilância em saúde ambiental para fazer uma coleta das águas e da vigilância sanitária para verificar como as pessoas estão se alojando. Além disso, vamos avaliar a unidade de saúde local para saber se foi afetada, para garantir a assistência”, lista.
O Laboratório Central de Saúde Pública do Maranhão (Lacen) fará a análise microbiológica das amostras com status de prioridade. Também será encaminhado um ofício para a Fundação Nacional da Saúde (Funasa), para que disponibilize um laboratório móvel para ajudar nas análises.
“Já fazemos um monitoramento contínuo e ações periódicas através do Departamento de Saúde da Família, que fazem as orientações juntos às equipes locais para o uso do hipoclorito, para tratamento da água. Também monitoramos as doenças de veiculação hídrica, através das planilhas enviadas pelos agentes comunitários”, enfatiza a superintendente de Atenção Primária, Joelma Veras.
Saúde e prevenção
O Governo do Estado já enviou, de imediato, cestas básicas para população de Marajá do Sena, agora, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) enviará 2 mil kits de saúde bucal – mil para adultos e mil infantis. Posteriormente, equipes da saúde mental farão visitas às famílias para avaliar os impactos psicológicos da situação, assim como o Departamento de Atenção à Saúde da Família visitará a zona rural do município para conferir in loco a situação.
“Além da distribuição do hipoclorito, vamos verificar o estoque de soro antiofídico e de vacinas para suprir uma eventual necessidade”, informa a chefe do Departamento de Epidemiologia da SES, Léa Márcia Melo da Costa. As enchentes aumentam o risco de doenças infecto-contagiosas. Dentre as mais comuns a leptospirose; a hepatite A, que pode ser transmitida pela água misturada com esgoto humano; diarreia aguda, causada por bactérias, vírus e parasitas; Febre tifóide, causada pela salmonella typhi, bactéria encontrada nas fezes de animais; e tétano acidental, cuja contaminação é feita a partir de lesões na pele causadas por ferimentos provocados por metais (enferrujados ou não), madeira, vidro ou outros objetos contaminados.
“Precisamos ficar atentos às doenças diarreicas e às endêmicas, que podem surgir também no período chuvoso, como dengue, zika e chikungunya. Nosso papel é dar suporte também no controle desses focos”, completa.
Nota técnica
Para auxiliar as equipes de saúde locais e a população, o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde do Maranhão (CIEVS) vai emitir uma nota técnica com os principais agravos de saúde e formas de prevenção.
“Também estamos monitorando a situação e as doenças que podem ser ocasionadas por conta da situação para uma resposta imediata, caso haja necessidade. Já funcionamos em sistema de plantão para qualquer situação de emergência”, destaca a coordenadora do CIEVS, Jakeline Rios.